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:::SINOPSE:::

Tragédia clássica adaptada à mentalidade romântica, ou “drama” romântico, no dizer de Almeida Garrett, Frei Luís de Sousa intenta actualizar a apagada arte dramática em Portugal, integrando-se no esforço do autor em adaptar a cultura portuguesa à cultura europeia burguesa e liberal. Neste sentido, para além da fundação do Teatro Nacional D. Maria II e do Conservatório Nacional, Almeida Garrett escreveu Um Auto de Gil Vicente (1838), D. Filipa de Vilhena (1840), O Alfageme de Santarém (1842), Frei Luís de Sousa (1843) e Falar Verdade a Mentir (1846).

Contido no número de personagens (seis principais), contido na acção dramática (apenas uma morte: Maria), fiel à história mas sobretudo fiel ao enquadramento cultural e literário (Romantismo), Frei Luís de Sousa, de acção centrada entre os séculos XVI e XVII, recorda a catástrofe social de Alcácer-Quibir e a perda da independência através do desaparecimento nas praias de África de D. João de Portugal e consequente luto da sua esposa, D. Madalena de Vilhena, casada em segundas núpcias com Manuel de Sousa Coutinho, do qual possui uma filha, Maria.

A ausência de D. João de Portugal pesa dramaticamente na estrutura da peça por via das recordações de Telmo Pais, seu antigo aio e actual aio de Maria. Telmo não crê na morte de D. João de Portugal e, fatalisticamente, convence-se de que este reaparecerá um dia. Antes do segundo casamento, D. Madalena envidara todos os esforços para encontrar o marido. Todos os esforços tinham sido infrutíferos. Patriota, Manuel de Sousa Coutinho recusa que os novos governantes castelhanos ocupem o seu palácio. Incendeia-o, mudando-se para o antigo palácio da esposa, também em Almada. Perseguida por recordações do primeiro marido, D. Madalena recusa, Manuel de Sousa Coutinho força-a. Sob um acto de altíssimo valor nacionalista, desencadeia-se o drama familiar, findando com o reaparecimento fantasmático de D. João de Portugal e o falecimento por doença de Maria.

Entre todas as mensagens da obra de Garrett, sobressai a de “Ninguém”, declarada por D. João de Portugal. D. Sebastião, o salvador de Portugal, não viera, nunca viera, Portugal arrasta-se pelos mais dolorosos caminhos da decadência. “Ninguém” possui um altíssimo valor simbólico, representa o todo do país e exprime, na consciência do autor, a inexistência de salvação para Portugal clássico. O Liberalismo ressuscitaria um novo Portugal.

​Contactos ÉTER - Produção Cultural || Tlf.: +351 911 906 778​ || eMail: etercultural@gmail.com

 

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